domingo, 23 de novembro de 2008

Dia 24 é FERIADO!

Bueno,

são 3:30 da manhã do dia 24/11. Estou na magnífica companhia de Ana Paula Russi, porém em uma situação pela qual ninguém gostaria de passar. A cada hora ela e Marcel entram ao vivo pela FURBFM com a última medição do Itajaí-Açu e demais informações. Parte delas repassadas pelo 3321-0600 que estou pilotando na madrugada.
Me apresentei no abrigo do Ginásio de esportes às 20:00 do dia 23, quando a situação da cheia do rio, das enxurradas e dos desmoronamentos já encontrava-se caótica. No caminho, apesar de transitar em locais onde tradicionalmente as enchentes não chegas, ví e cruzei muitas ruas complicadíssimas. Enfim, chegando procurei prestar auxílio na instalação dos militares e ajudar na recepção dos primeiros desabrigados. Praticamente não havia chego ninguém e, ao receber algumas informações sobre pedidos de socorro, os militares começaram a se aventurar pela rua Antônio da Veiga com um único bote, dois remos e apenas uma lanterna. Fizeram, imagino, apenas duas viagens e às 22:00 encerraram a operação. A Antônio da Veiga estava como um leito de rio, com fortíssima correnteza e os militares muito preocupados. Nas horas que se seguiram, recebíamos informação do rio subindo, um ou outro grupo de desabrigados que conseguia vencer as águas e chegar ao abrigo, mas a situação era terrível. O abrigo da FURB ficou ilhado, as pessoas não conseguiam chegar e os militares não conseguiam sair em resgate. Sobrou atender às pessoas que se instalaram e ficar com a notícia e a impotência. Definiu-se que, ao amanhecer serão realizadas novas tentativas, pois sair numa corrente daquelas com apenas uma lanterna é praticamente suicídio e tem muito pouca efetividade. Estabelecidos turnos de descanso e preparação para a próxima manhã me tornei de pouca valia. Assim, desde a 1:00 estou no telefone da rádio. Todos tentam dormir, uns poucos conseguem e confesso, se eu estivesse entre os tentantes, não conseguiria. Há uma hora as coisas se acalmaram, concomitantemente com as notícias de que o rio começa a baixar, mas até então eram desmoronamentos, incêndios, explosões, famílias isoladas, desesperados pedidos de socorro e todo tipo de tragédia ao mesmo tempo. O trabalho agora é procurar fazer alguma informação chegar à Defesa Civil, Corpo de Bombeiros ou alguém que esteja em condições de ajudar. A equipe do Núcleo de Rádio e TV tenta descansar um pouco, uma vez que reestabeleceremos as transmissões às 6:00 na Rede Solidariedade - FURBTV, FURBFM, TV GALEGA e TVL. No que posso, estou ajudando a segurar as pontas na madrugada para liberá-los mais. O trabalho do NRTV e dos voluntários aqui, daqui a pouco já recomeça hercúleo.
A boa nova é que a chuva dá trégua, o rio está baixando, mas ainda assim a recomendação é de que se permaneça em local seguro.
Dia 24 é um feriado informal (ou até que se torne formal), portanto que seja tratado como tal. Não há dia letivo, não há expediente de trabalho, tem-se muito a recuperar.
Que se fique nos locais mais seguros, que só se saia às ruas em caso de extrema necessidade. Não há passagem nas principais ruas, a sinalização não é mais respeitada e as pessoas estão em desespero, portanto pedestres também correm grande risco.
É hora de checar nova medição (que deve ratificar a baixa do rio, ainda bem), daqui a pouco o reitor e o Marcel reaparecem para o boletim com a Ana.
De toda a minha inclinação ao engraçado-sarcástico, a única piadinha que fui capaz de soltar hoje foi dar um tapinha nas costas do reitor e dizer que podemos divulgar que é a primeira ação conjunta das equipes da reitoria e a nova direção sindical. Entretanto, as piadinhas não cabem hoje.

De olhos abertos e orelha no telefone!

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