terça-feira, 25 de novembro de 2008

E eu queria conhecer Sarajevo...

Bueno,

são 19:00hs do dia 25 de novembro. Hoje o dia foi bastante pesado. Na noite de ontem me dei ao luxo de voltar pra casa e tentar descansar um pouco. Até a meia noite, passei os informes via internet aos amigos que necessitavam de informação e me solicitaram. Da meia noite às 3:00 consegui dormir um pouco e, após uma magnífica xícara de café preto, novo em folha me apresentei no abrigo da Escola Básica Victor Hering. Em menos de 15 min, estava sentado em um jipe ajudando a defesa civil na distribuição de água para o pessoal que abria as barreiras no bairro da Velha. A dimensão da tragédia vai se tornando hora a hora mais presente. Na primeira barreira, um morro desabado, onde apenas meia pista foi liberada, a terra foi empurrada para o outro lado da pista, mas em meio à terra emergiam braços e pedaços de gente. Na segunda barreira estava o pessoal trabalhando, entregamos a água e saímos rápido, mas as cenas são chocantes. Volta e meia aparece algo queimando, incêncios esparços, muita gente morta, o cemitério da João Pessoa realmente espalhou caixões, lápides e cruzes pela via... realmente calamidade pública. Uma verdadeira praça de guerra para quem cruza essa cidade, esta é a melhor definição. Quando achei que comparar a Sarajevo era meio exagerado, olho pro lado e vejo um tanque de esteira passando cheio de milicos.
Bem, no meio de tanta miséria há o alento. O rio baixou e o trabalho de desobstrução das vias foi fantástico. Nas últimas 24hs todas as principais ruas do centro e as arteriais pros bairros foram desobstruídas. Chegamos facilmente à Fortaleza, Velha e Garcia. Chegar é uma coisa, entrar é outra. A circulação, principalmente das equipes de resgate, já está bem mais facilitada e as coisas vão se ajeitando. Quem está isolado está sendo abastecido com comida e medicamentos por helicóptero. Vários locais já foram acessados e os resgates realizam-se a todo instante. Os abrigos estão relativamente abastecidos e funcionando. As equipes de distribuição de mantimentos, remédios e roupas se deslocam de maneira até satisfatória em meio ao caos instalado.
O principal problema, para além do que naturalmente já ocorreu é o risco de novos desabamentos, mesmo não estando chovendo. Os morros estão encharcados e a terra esgotada, as áreas de risco são múltiplas.
Os curiosos e gente que não tem o que fazer também atrapalham bastante a circulação das equipes e as pessoas ainda precisam ter a sensibilidade de que ajudam mais ficando em casa. Os saques às residências e lojas abandonadas é outro problema na cidade. Hoje, ao contrário de ontem, não encontrei ninguém lavando calçada e carro com água potável, deve ter acabado... A água ou a cara de pau.
O SINSEPES agora é ponto de arrecadação e encaminhamento dos donativos, vamos aos poucos contatando os colegas para saber de eventuais situações de fragilidade e ajudar no que podemos.

Trabalhando e de olho!

3 comentários:

Grazi Ju disse...

Como sempre uma imprensa bem situada no meio virtual!!!

Bom saber as notícias!!! Boas pelo menos :)

Amanhã de manhã estarei no SINSEPES!!!

Anônimo disse...

Tulio,

Você está fazendo um trabalho muito legal! Parabéns...

Por favor, mantenha-nos informados.

Anônimo disse...

Olá Tulio, que bom saber que estas ajudando, principalmente informamdo a situação. Um grande abraço.
Dindo