sexta-feira, 28 de novembro de 2008

Mais organizado para os donativos

Por falta de conectividade, o texto de ontem só foi postado agora (leia abaixo também).

Agora final da manhã de 28 de novembro.
Aproveitei o toque de recolher para descansar bastante, apesar de que a impotência de não poder mais ajudar efetivamente, aliado às pancadas de chuva da madrugada aumentam a agonia e dificultam por demais o sono. Novos deslizamentos foram registrados na madrugada, mas felizmente as notícias dão contade que as casas atingidas já haviam sido evacuadas anteriormente. Hoje, ainda há grossas camadas de nuvens negras, mas há também grandes espaços onde o sol brilha forte e, pela primeira vez desde que vim a Blumenau, não me importo nem um pouco de "queimar o lombo". O tempo começa a limpar!
Os helicópteros voam como nunca e as equipes do exército e defesa civil têm melhores condições de trabalho.
Ontem o trabalho foi basicamente auxiliar a logística de distribuição da água. No dia anterior, bem cedo pela manhã, ajudei a descarregar um caminhão de água na EB Victor Hering. Com as notícias de que não mais havia água em alguns abrigos, o contato facilitado com membros da defesa civil (construído nos dias anteriores) me permitiu acesso mais facilitado aos coordenadores de cada abrigo e, com o auxílio dos voluntários a água foidistribuída aos locais mais precários. Com a entradade novos caminhões na cidade, grande quantidade de água já está disponível para distribuição na central (setor 3 da Vila Germânica), apesar de que o consumo é muito rápido e água potável sempre precisa.
O exército trabalha rápido na construção de pontes modulares e vai abrindo acessos (os relatos apontam que o Progresso e Zendron já estão acessíveis, rumo ao Jordão, Nova Rússia e áreas isoladas no Garcia, essa ainda cabe checar, mas pessoalmente acredito). As estradas pelo estado começam a ser liberadas e, principalmente na BR-101 já há vários trechos com meia pista liberada, principalmente para passagem de carga.
Segundo informações da Ana (ver comentário na penúltima postagem) faltam legistas para liberação dos corpos nos hospitais, o que reforça meu argumento de que a contagem (atualmente pouco mais de 20) de mortos não evolui por "falta de perna" nessa estrutura em específico. Tem que dar conta dos corpos do IML, dos hospitais, abrir os caminhões frigoríficos, recolher dos escombros, desenterrar, fora o que já "se deu jeito" (de maneiras diversas). Não é insensibilidade, precisa-se tratar essa questão que, acima de tudo, pode se constituir um grave problema de saúde pública.
Curtas e grossas:
- Apesar do toque de recolher e de todo o relatado, já há danceteria na cidade divulgando festa PARA HOJE!
- A imprensa nacional redescobriu Blumenau!!! A água já havia baixado quando começou-se a noticiar a tragédia, até então eram apenas notas de cheias em SC. Agora tudo que é caco de pseudo-celebridade jornalística ou não, recebe uniforme personalizado do exército e passeia de helicóptero. Se está sobrando, tem uma penca de voluntários desde domingo com a mesma calça, que já secou e molhou várias vezes. O trabalho das forças armadas tem sido excelente, mas tem coisa que é duro de ver por aí...
- POVO DO VALE: estamos apinhados de roupas!!!!! Já que não se coordena nenhuma comunicação nesse sentido, aviso eu:
Alimentos não perecíveis e roupas estão sendo enviados aos caminhões para cá e serão importantíssimos na fase de realocação dos flagelados, mas para já (e é por isso que direciono principalmente ao povo do Vale) precisamos doações de (sem ordem de importância):
1- Alimentos prontos (chocolate, biscoito, carnes enlatadas em geral, barras de cereal, etc. NÃO ARROZ, FEIJÃO E MACARRÃO COZIDO).
2- Material de higiêne pessoal (escova de dente, creme dental, sabonete, xampú, papel higiênico, fraldas para bebês e geriátricas, absorventes de todos os tamanhos, etc.)
3- Alimentos para bebês
4- Material de limpeza leve (detergente, sabão, desinfetantes, vassouras, baldes, rodos, etc.) e pesada (pá, enxada, etc.)
5- Água para consumo (preferencialmente em embalagens de 5 litros e menores).

No futuro, comecemos a pensar em tijolo e cimento...

POVO:
Nem Prefeitura, nem Defesa Civil, nem ninguém está ligando ou mandando motoboy para recolher doações em dinheiro!!!!! Não acredite!!!!! Pegue seu rico dinheirinho e deposite nas contas oficiais (existe para todos os gostos, Governo do Estado, Defesa Civil, cada emissora de tv tem uma, entidades filantrópicas, informe-se e direcione os recursos realmente para as vítimas).

A FAEMA ainda pede disponibilização de terrenos para depósito de barro e entulhos (aliás, não sei onde enfiaram todo o lodo que sumiu das ruas nos últimos 2 dias, ta louco).
Por último, uma ironia para quem conhece a cidade: o principal depósito de lama da região central é o tal "campo do BEC"...

Amigos, não se preocupem, nem cogito parar e muito obrigado pela força e manifestações.

De olho!

Só nos faltava essa...

Bueno,

agora temos TOQUE DE RECOLHER!!!! Como se não bastasse o caos e a tragédia já instalados, os vândalos venceram. Fazendo verdadeiros arrastões nas áreas mais atingidas, invadindo as casas abandonadas e roubando, principalmente eletrônicos, uma meia dúzia de marginais provocaram uma medida parecida com um toque de recolher, sem estado de sítio. Agora só se pode circular até as 22:00hs, sob pena de prisão em caso de descumprimento. A situação me parece pior em Itajaí, mas vamos lá, estamos todos nessa... São aproximadamente 23:30hs do dia 27 de novembro e, conforme formato já adotado, começamos com o trágico e seguimos no alento:
O pelotão de engenharia do exército está por aí fazendo pontes e construindo acessos em tudo que é acesso destruído. Ontem, no fim da tarde, conseguiram acessar o bairro Progresso. De madrugada a chuva interrompeu o acesso outra vez. A passagem deve estar sendo reaberta, porém a Nova Rússia e Jordão continuam esperando. Com a chuva da madrugada, parece que mais algumas casas deslizaram, os relatos são os mais diversos, mas se repete mesmo que a rua São Bento cedeu. Ainda busco checar isso.
Hoje, após a postagem anterior, arrumei carona com um fiscal da prefeitura e fui dar uma olhada na região do anel viário norte e República Argentina. Desmoronou muita coisa lá, tem face de morro que simplesmente "pelou", a escola usada como abrigo está sob risco e deve ser desocupada, no anel viário as alças da cabeceira foram seriamente afetadas. A situação é braba, muito deslizamento por lá e, apesar de não avistar corpos, o cheiro torna a coisa muito preocupante. Um fedor de carne podre aliado ao odor do lodo misturado com esgoto lembram o risco de contaminação. Já há a recomendação de incinerar cadáveres de animais encontrados, com álcool ou gasolina. O governo federal desloca a equipe da segurança nacional especializada em resgate de corpos e se, aliados à vigilância epidemiológica, não começarem logo o trabalho, por mais impactante que seja, o jeito vai ser incinerar corpos humanos também. Os relatos de que, nas comunidades que ficaram isolados, as pessoas já estão sendo enterradas, em quintal de casa, terrenos não utilizados, etc. se multiplicam. Já há trabalhadores no morro com máscaras, os dias passam e acoisa começa a complicar, o medo de contaminação e epidemias aumenta.
Vamos às boas: os caminhões começam a conseguir chegar em Blumenau. Carregamentos de colchões, água e alimentos de todas as partes do país acessam o estado e, com alguma liberação nas estradas, já descarregam a preciosa carga melhorando a situação de suporte aos flagelados. A Petrobrás passou um caminhão tanque pelas barreiras e o fornecimento de gasolina torna-se novamente possível. A prefeitura informa que as aulas do ensino fundamental estão canceladas nesse ano, os alunos que possuem média e frequência suficiente serão aprovados e os outros terão possibilidade de adaptação no início do próximo ano letivo. Vacinas contra tétano e antibióticos para profilaxia têm a distribuição melhorada (e já me atraquei também), contudo cresce a preocupação quanto à leptospirose e epidemias diversas devido à possível contaminação da água. Os trabalhos na adutora rompida da ETA2 (responsável por 70% do fornecimento de água da cidade) avançam rapidamente. Restabeleceu-se hoje o fornecimento em 30% da capacidade desta estação, dia sim, dia não. A água ainda não está boa, mas volta a chegar e representa uma melhora indescritível na condição de higiêne dos abrigados ou não (experiência própria).

Incansável e de olho!

quinta-feira, 27 de novembro de 2008

Poucas novas e novas velhas

Bueno,

12:00hs de 27 de novembro. As condições psicológicas de manter o relato mais concreto e menos emotivo dão cada vez mais trabalho. Nunca me considerei muito "fresco", mas a realidade está realmente bem pesada. Atualmente, apesar da ridícula divulgação de óbitos confirmados, pelo pouquíssimo que circulei e o que ví, não há quem me convença que as mortes na região Blumenau-Gaspar-Ilhota-Luís Alves se limitem às poucas centenas. Mas vamos lá:
O dia de ontem foi como o anterior, só que com muito mais corpos. É importante fazer o registro de que a geografia da cidade mudou. Morros mudaram de lugar, fora os que simplesmente "encolheram". O número de mortes confirmadas não evolui pelo simples fato de que não é a principal preocupação nesse momento, haja visto que ainda existem comunidades isoladas, alimentadas por helicóptero, mas inacessíveis para resgate por terra. Ainda assim o trabalho é hercúleo, acessos são providenciados em lugares onde parecia impossível e as pessoas estão sendo resgatadas.
Os abrigos parecem bastante bem servidos de roupas, sendo mais necessário alimentos não perecíveis, água potável, material de limpeza leve (vassouras, baldes, detergente, etc) e pesada (pás, enxadas...) para doação, material de higiene pessoal, fraldas (inclusive geriátricas), colchões e cobertores. Com os caminhões circulando, principalmente entre os abrigos centrais, a distribuição está mais efetiva, funcionando agora a partir dos pavilhões da oktoberfest.
Choveu a noite toda, de forma fraca, porém intermitente. Ainda assim os helicópteros do exército não param. Porém as áreas de risco aumentam (conceito que entrou em desuso, até então em Blumenau área de risco era local alagável e morros com risco, mas nessa catástrofe desabou tanta coisa em tanto lugar que praticamente não existe mais "área sem risco"). Essa reunião de enchente, enxurradas, deslizamentos e incêndios fazem com que, mesmo as pessoas que passaram pelas grandes cheias de 83 e 84, quase unanimemente considerem o que ocorre atualmente, muito mais destrutivo e trágico. Para os de fora, naquela época a enchente chegou a 17m, nesse ano o pico foi 11,57m. A enchente foi de médio porte, mas as enxurradas fizeram subir as águas em lugares onde enchente não chega. Muitas galerias destruídas e vazão de água por cima das ruas e não por baixo. Isso é o que faz de Blumenau e arredores particular. Nas outras regiões, em geral o problema é a cheia (sendo em Itajaí calamitosa), mas aqui tem de tudo.
Curtas:
- Os relatos matutinos dão conta de que houveram desabamentos por aí pela madrugada, mas as informações são muito desencontradas e informo quando a coisa for mais confiável.
- a grande maioria das rodovias seguem bloqueadas e não devem ser usadas. Já é possível chegar no litoral e no RS (pela 282), mas possível não significa recomendável, está tudo muito precário ainda. Saída para Massaranduba e 470 completamente bloqueadas e sem previsão para liberação.
- As contas disponibilizadas para doações para Santa Catarina já somam 1,2 milhão (boa!).
- O Lula sobrevoou Itajaí e vai abrir a carteira (boa também!).
- O rio aqui, atualmente, não é mais problema (4,60m acima do nível normal, o que não alaga nada).

Os textos vão ficando de pior qualidade, mas não estou revisando mais, vou priorizando a informação. Sei que quem lê entende.

Correndo e de olho!

terça-feira, 25 de novembro de 2008

E eu queria conhecer Sarajevo...

Bueno,

são 19:00hs do dia 25 de novembro. Hoje o dia foi bastante pesado. Na noite de ontem me dei ao luxo de voltar pra casa e tentar descansar um pouco. Até a meia noite, passei os informes via internet aos amigos que necessitavam de informação e me solicitaram. Da meia noite às 3:00 consegui dormir um pouco e, após uma magnífica xícara de café preto, novo em folha me apresentei no abrigo da Escola Básica Victor Hering. Em menos de 15 min, estava sentado em um jipe ajudando a defesa civil na distribuição de água para o pessoal que abria as barreiras no bairro da Velha. A dimensão da tragédia vai se tornando hora a hora mais presente. Na primeira barreira, um morro desabado, onde apenas meia pista foi liberada, a terra foi empurrada para o outro lado da pista, mas em meio à terra emergiam braços e pedaços de gente. Na segunda barreira estava o pessoal trabalhando, entregamos a água e saímos rápido, mas as cenas são chocantes. Volta e meia aparece algo queimando, incêncios esparços, muita gente morta, o cemitério da João Pessoa realmente espalhou caixões, lápides e cruzes pela via... realmente calamidade pública. Uma verdadeira praça de guerra para quem cruza essa cidade, esta é a melhor definição. Quando achei que comparar a Sarajevo era meio exagerado, olho pro lado e vejo um tanque de esteira passando cheio de milicos.
Bem, no meio de tanta miséria há o alento. O rio baixou e o trabalho de desobstrução das vias foi fantástico. Nas últimas 24hs todas as principais ruas do centro e as arteriais pros bairros foram desobstruídas. Chegamos facilmente à Fortaleza, Velha e Garcia. Chegar é uma coisa, entrar é outra. A circulação, principalmente das equipes de resgate, já está bem mais facilitada e as coisas vão se ajeitando. Quem está isolado está sendo abastecido com comida e medicamentos por helicóptero. Vários locais já foram acessados e os resgates realizam-se a todo instante. Os abrigos estão relativamente abastecidos e funcionando. As equipes de distribuição de mantimentos, remédios e roupas se deslocam de maneira até satisfatória em meio ao caos instalado.
O principal problema, para além do que naturalmente já ocorreu é o risco de novos desabamentos, mesmo não estando chovendo. Os morros estão encharcados e a terra esgotada, as áreas de risco são múltiplas.
Os curiosos e gente que não tem o que fazer também atrapalham bastante a circulação das equipes e as pessoas ainda precisam ter a sensibilidade de que ajudam mais ficando em casa. Os saques às residências e lojas abandonadas é outro problema na cidade. Hoje, ao contrário de ontem, não encontrei ninguém lavando calçada e carro com água potável, deve ter acabado... A água ou a cara de pau.
O SINSEPES agora é ponto de arrecadação e encaminhamento dos donativos, vamos aos poucos contatando os colegas para saber de eventuais situações de fragilidade e ajudar no que podemos.

Trabalhando e de olho!

segunda-feira, 24 de novembro de 2008

As últimas - relato mais completo

Bueno,

São quase 16:00hs. Nesse momento há condições de dar notícias um pouco mais precisas e principalmente para os amigos fora de Blumenau que necessitam de informações. O negócio por aqui é caótico! O rio está baixando rápido, devemos beirar os 8 metros acima do nível ao final da tarde. Isso desobstrui (pelo menos de água) praticamente todas as ruas da cidade. O problema é que, aliado à enchente, temos fortíssimas enxurradas, desmoronamentos em todos os bairros, explosões de gasodutos (localizadas na região de Gaspar). Os gasodutos estão sob controle, entretanto ainda há diversos incêndios relatados e muita, mas muita gente em locais inacessíveis, isolados pelas quedas de barreiras e em situação de risco de soterramento. Todos os bairros foram atingidos, mas a coisa é gravíssima, segundo os relatos, no bairro da Velha, Fortaleza, Beco Araranguá, Morro da Garuva e Belchior e Baú, em Gaspar. As notícias de isolamento e pedidos de socorro são constantes, a defesa civil, corpo de bombeiros e exército atuaram em condições precaríssimas durante a madrugada, com impossibilidade de resgate em diversos locais (veja postagens anteriores). Hoje o grosso do equipamento do exército e marinha começou a chegar, com helicópteros de resgate e barcos a motor as coisas melhoram. Os bairros Progresso, Badenfurt, Vila Itoupava, entre outros ficaram absolutamente incomunicáveis desde ontem à tarde. O cemitério da rua João Pessoa cedeu e há relatos, que ainda não confirmei, de que espalhou caixões pela pista. O São José também teria desmoronado. A BR-470 está completamente interrompida em Gaspar, a BR-101 estácompletamente interditada em Palhoça e Itajaí, sem previsão de liberação. O litoral é inacessível! a única saída da cidade é para Indaial, via rua Bahia, mas a cabeceira da Ponte Salto está em meia pista. Entretanto, não há como chegar ao litoral, nem via Lages, existem diversas barreiras mais a frente. A SC por Massaranduba também está bloqueada por um grande desmoronamento.
Não vou reproduzir o sem número de relatos e focos de pedidos de socorro, que é situação generalizada na cidade. Atualmente são 13 mortos confirmados, 8000 desabrigados, 7 desaparecidos (números atuais somente de Blumenau), mas muitas localidades não foram acessadas e a tendência é de alta dessas fatalidades.
Os resgates continuam acontecendo e os abrigos estão sendo ocupados, sendo realmente o melhor local para a maioria da população dos locais de risco.
Para os moradores, a orientação segue a mesma, permanecer em casa, se local seguro, só sair em caso de extrema urgência. Muitas ruas seguem obstruídas e as equipes de resgate e obras precisam de trânsito livre. Não existem mais as ruas de mão única e a sinalização está em desuso, portanto mesmo aos pedestres aconselha-se a não circulação. O abastecimento de água não tem prognóstico otimista de retorno, a energia elétrica vai aos poucos tendo fornecimento restabelecido e as linhas telefônicas são caóticas.
Por enquanto não foi anunciado nenhum plano captação de donativos, nem mesmo auxílio financeiro, portanto aos que residem fora, resta esperar um pouco.
NOTÍCIA DE TEMPO REAL: nova explosão no Gasoduto Bolívia-Brasil e fornecimento interrompido também para o estado do Rio Grande do Sul.

Tão logo existam notícias e condições procuro informar um pouco mais aqui.

Trabalhando e de olho!

domingo, 23 de novembro de 2008

O nível do Itajaí-Açú vai baixando!

Bueno,

são 5:40, o rio está baixando (11,02m às 5:00hs) e 22 desabrigados estão alojados na FURB. Sim, teve gente que veio meio a nado durante a madrugada. A equipe do exército vai se mobilizando para sair de bote em busca de pessoas a socorrer e donativos (precisa comida, roupas, mas principalmente colchões e roupa de cama, pois o número de pessoas abrigadas tende a aumentar bastante a partir de agora). Por aqui, a TV voltará a transmitir por volta das 06:00. Já estão todos de volta, os que dormiram e os que não.
A previsão é de que atinja-se o nível de 10m entre as 8 e 9 horas da manhã. Enfim, boas novas. Agora se intensifica o trabalho de resgate, deslocamento das vítimas para os abrigos e a necessidade de atender esse povo.
Baseando-se pelos relatos do dia de ontem, o tamanho e quantidade dos estragos pela cidade, somados aos relatos da madrugada, certamente teremos meses de intenso trabalho para recuperar a estrutura. Porém, o momento agora é de atenção às vidas humanas. Infelizmente, a tendência é de que as notícias apontem para muitas baixas.
As recomendações continuam inalteradas desde a postagem anterior, fiquem em local seguro!

Enfim, ao trabalho e de olho!

Dia 24 é FERIADO!

Bueno,

são 3:30 da manhã do dia 24/11. Estou na magnífica companhia de Ana Paula Russi, porém em uma situação pela qual ninguém gostaria de passar. A cada hora ela e Marcel entram ao vivo pela FURBFM com a última medição do Itajaí-Açu e demais informações. Parte delas repassadas pelo 3321-0600 que estou pilotando na madrugada.
Me apresentei no abrigo do Ginásio de esportes às 20:00 do dia 23, quando a situação da cheia do rio, das enxurradas e dos desmoronamentos já encontrava-se caótica. No caminho, apesar de transitar em locais onde tradicionalmente as enchentes não chegas, ví e cruzei muitas ruas complicadíssimas. Enfim, chegando procurei prestar auxílio na instalação dos militares e ajudar na recepção dos primeiros desabrigados. Praticamente não havia chego ninguém e, ao receber algumas informações sobre pedidos de socorro, os militares começaram a se aventurar pela rua Antônio da Veiga com um único bote, dois remos e apenas uma lanterna. Fizeram, imagino, apenas duas viagens e às 22:00 encerraram a operação. A Antônio da Veiga estava como um leito de rio, com fortíssima correnteza e os militares muito preocupados. Nas horas que se seguiram, recebíamos informação do rio subindo, um ou outro grupo de desabrigados que conseguia vencer as águas e chegar ao abrigo, mas a situação era terrível. O abrigo da FURB ficou ilhado, as pessoas não conseguiam chegar e os militares não conseguiam sair em resgate. Sobrou atender às pessoas que se instalaram e ficar com a notícia e a impotência. Definiu-se que, ao amanhecer serão realizadas novas tentativas, pois sair numa corrente daquelas com apenas uma lanterna é praticamente suicídio e tem muito pouca efetividade. Estabelecidos turnos de descanso e preparação para a próxima manhã me tornei de pouca valia. Assim, desde a 1:00 estou no telefone da rádio. Todos tentam dormir, uns poucos conseguem e confesso, se eu estivesse entre os tentantes, não conseguiria. Há uma hora as coisas se acalmaram, concomitantemente com as notícias de que o rio começa a baixar, mas até então eram desmoronamentos, incêndios, explosões, famílias isoladas, desesperados pedidos de socorro e todo tipo de tragédia ao mesmo tempo. O trabalho agora é procurar fazer alguma informação chegar à Defesa Civil, Corpo de Bombeiros ou alguém que esteja em condições de ajudar. A equipe do Núcleo de Rádio e TV tenta descansar um pouco, uma vez que reestabeleceremos as transmissões às 6:00 na Rede Solidariedade - FURBTV, FURBFM, TV GALEGA e TVL. No que posso, estou ajudando a segurar as pontas na madrugada para liberá-los mais. O trabalho do NRTV e dos voluntários aqui, daqui a pouco já recomeça hercúleo.
A boa nova é que a chuva dá trégua, o rio está baixando, mas ainda assim a recomendação é de que se permaneça em local seguro.
Dia 24 é um feriado informal (ou até que se torne formal), portanto que seja tratado como tal. Não há dia letivo, não há expediente de trabalho, tem-se muito a recuperar.
Que se fique nos locais mais seguros, que só se saia às ruas em caso de extrema necessidade. Não há passagem nas principais ruas, a sinalização não é mais respeitada e as pessoas estão em desespero, portanto pedestres também correm grande risco.
É hora de checar nova medição (que deve ratificar a baixa do rio, ainda bem), daqui a pouco o reitor e o Marcel reaparecem para o boletim com a Ana.
De toda a minha inclinação ao engraçado-sarcástico, a única piadinha que fui capaz de soltar hoje foi dar um tapinha nas costas do reitor e dizer que podemos divulgar que é a primeira ação conjunta das equipes da reitoria e a nova direção sindical. Entretanto, as piadinhas não cabem hoje.

De olhos abertos e orelha no telefone!

sexta-feira, 14 de novembro de 2008

Algumas horas com Salim

Bueno,

Duas boas novas:
1-Restabeleceu-se meu sinal de internet e isso me facilita por demais as coisas.
2-Salim Miguel esteve aqui e lançou seu novo romance.

Ontem, após aquilo que, em dados momentos, chamou-se de “dilúvio” (e que nos olhos dos participantes tinha o exagero diminuído), a comitiva do Salim Miguel apresentou-se com algum atraso aos presentes no auditório da biblioteca. Após superar as dificuldades do percurso Floripa-Blumenau, Salim e sua esposa Eglê externavam bom humor. Foram recebidos pelo Vice Reitor, Romero Fenili, e sempre acompanhados pelo Viegas. Na platéia, as histórias do autor mantinham atentos servidores da FURB, estudantes e colegas escritores, como Urda Alice Klueger e Maicon Tenfen.
Salim começou a fala, não abordando o livro e nem a história de vida, mas protestando quanto a um tema bastante relevante. Disse não entender, como os governadores do “sul maravilha” são justamente os que encabeçam a resistência quanto à fixação do piso salarial para a carreira docente. Essa é uma medida de abrangência nacional e poucos governadores se pronunciaram em protesto, entretanto entre os poucos estão os três governadores da região sul. Salim fez referência ao nordeste brasileiro, onde considera-se que a situação é mais precária e os estados mais carentes, numa realidade em que, do norte-nordeste apenas um governador se coloca em desagrado. A crítica foi feita, de forma clara, e durante a palestra sustentada pela posição do autor de que a cultura e a educação são as áreas onde por último se investe, mas são as principais constituintes da história de um povo.
Então Salim contou um pouco sobre sua história como escritor, o processo de produção dos seus textos, desenvolvimento dos personagens, seu relacionamento com os leitores, além de apresentar “Jornada com Rupert”, o lançamento da noite (assim como a 5ª edição de Nur na Escuridão). Muito do que o escritor abordou, está publicado na entrevista que concedeu ao Viegas, publicada no Sarau Eletrônico, entretanto a forma vívida com que Salim se expressa, arrancou sorrisos e manifestações de simpatia do público em diversos momentos.
Após a fala, Salim respondeu a algumas perguntas e concedeu uma sessão de autógrafos.
Particularmente, sempre considerei importante conhecer os autores daquilo que leio (e, frquentemente, me pego lendo após conhecê-los). O contato com o ser humano, em um contexto onde o objeto não é um produto revisto e por vezes acabado, permite uma maior riqueza da análise e atribui um significado diferenciado ao texto propriamente dito. Sinto-me mais íntimo. Nesse sentido, a visita do Salim foi especialmente agradável. Por conta do problema de visão, implicando inclusive em dificuldades de locomoção, trazer o Salim de Florianópolis e sua apresentação tão disposta, além do relato tão humano e envolvente tornaram o evento realmente imperdível. E teve gente que perdeu.
Parabéns à equipe do Sarau Eletrônico, Edifurb e demais setores e servidores envolvidos no lançamento e na visita do Salim.


Continuamos de olho!

quarta-feira, 12 de novembro de 2008

Palestra e lançamento do livro "Jornada com Rupert", de Salim Miguel

Bueno,

ando bastante atrapalhado e brigando com meu provedor, sem acesso residêncial à internet há mais de 15 dias. Além disso, estou atualmente na Coordenadoria de Apoio ao Estudante e não mais na DRA. Ainda assim, do jeito que dá, utilizo o espaço para lembrar e recomendar a todos o lançamento do livro Jornada com Rupert, do líbano-biguaçuense (como ele mesmo se refere) Salim Miguel, com palestra do próprio autor. Ocorrerá às 19hs do dia 13/11 no auditório da Biblioteca Central.
Como prévia, recomendo ainda a interessantíssima entrevista concedida ao Sarau Eletrônico: http://www.bc.furb.br/sarauEletronico/index.php?option=com_content&task=view&id=106&Itemid=32
O autor é nacionalmente reconhecido e detentor de importantes prêmios, entre eles o Jabuti e o Trofeu Juca Pato, da União Brasileira dos Escritores e Folha de São Paulo, como Intelectual do Ano. Traz ainda no currículo a direção da Editora da UFSC e da Fundação Cultural Franklin Cascaes. Imperdível!
Jornada com Rupert pode ser adquirido no lançamento ou na livraria da FURB, ao custo de R$22,00.

Prestigiem e não deixem de ler a entrevista no Sarau, é de fato uma história de vida interessantíssima.

Nos vemos no lançamento e continuamos de olho!

quarta-feira, 5 de novembro de 2008

Nem tudo são espinhos...

Bueno, conforme anunciado em postagem anterior, hoje ressalto uma grande tacada da administração. O CONSAD, tão regularmente criticado, aprovou o piloto de concessão de bolsas para estudantes de cursos de demanda social.
Serão contemplados, já a partir do semestre 2009/1, com bolsa de 40% os estudantes dos cursos de Ciências Sociais, Matemática, Pedagogia e Serviço Social. Para usufruir desse benefício é exigido dos estudantes:

- Matrícula mínima de 85 Créditos Financeiros no semestre.
- Aproveitamento escolar semestral de, no mínimo, 75%.
- Ser adimplente com as obrigações contratuais e financeiras perante a FURB.

Além disso, para manter a bolsa, é necessário respeitar as seguintes limitações:

- Trancamento limitado a no máximo 2 semestres.
- Em caso de transferência entre esses cursos, só é permitida no semestre subsequente ao ingresso, deduzido o benefício já recebido.
- Não efetuar transferência para cursos não previstos para a concessão desta bolsa.

O piloto proposto previa apenas os cursos de Matemática, Pedagogia e Serviço Social. Ciências Sociais foi admitido na própria reunião do CONSAD, tendo sua vinculação defendida de forma quase unânime pelos conselheiros (outro acerto).
Tudo bem, existem outros cursos que devem ser incluídos, existem cursos de áreas muito afins e de critérios idênticos que não foram contemplados. Entretanto, prefiro nesse momento acreditar que o piloto dará certo, que em 2009/2 já teremos mais cursos incluídos e que todos os de demanda social serão contemplados (me tornei um otimista?). Mediante a iniciativa, vale o voto de confiança.

Meu rei, essa valeu ponto!

Estamos de olho!